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O Profeta, de Kahlil Gibran

Há uma bonita obra chamada “O Profeta”, do poeta libanês Kahlil Gibran. Trata-se conselhos proféticos, filosóficos e poéticos sobre questões da vida que o personagem chamado “Al Mustafá” dá ao povo da cidade de Orphalese, antes de retorna à sua terra natal. No fundo, no fundo, com este obra, Khalil Gibran nos convida voltar nosso olhar para dento de nós mesmos, a fim de nos tornarmos sempre e cada vez mais, pessoas verdadeiras, íntegras e coerentes.

A edição brasileira deste livro foi lançada em 1972. Fiz a leitura com a tradução de Ricardo R. Silveira, publicado pela Editora Ediouro, em 1995; Rio de Janeiro.

A seguir, transcrevo um trecho da obra, presente nas páginas 71-72. Boa reflexão a todos!

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E um jovem disse,
“Fala-nos da Amizade.”
E ele respondeu, dizendo:
“Vosso amigo é a resposta a vossas necessidades.
Ele é o campo, que semeais com amor e colheis com gratidão.
E é o vossa mesa e vossa lareira.
Pois ides até ele com fome e buscais nele vossa paz.


Quando o vosso amigo fala com sinceridade, não temeis pensar que ‘não’, nem vos furtais a dizer que ‘sim’.
E quando ele se cala, vosso coração não deixa de ouvir o seu;
Pois na amizade, os pensamentos, os ideais e as expectativas nascem e são compartilhados, sem palavras, em silenciosa alegria.
Quando vos separais de vosso amigo não vos afligis;
Pois o que mais amais nele pode evidenciar-se na sua ausência, como a montanha, para o alpinista, é mais evidente da planície.
E que não haja propósito na amizade, salvo o aprofundamento do espírito.
Pois o amor que busca algo mais do que a revelação de seu próprio mistério não é amor, e sim, uma rede armada: e só o inaproveitável é apanhado.

E que o melhor de vós seja para o vosso amigo.
Se ele deve conhecer o refluxo da vossa maré, que conheça também o fluxo.
Pois que amigo é esse que só o procurais a fim de matar o tempo?
Procurai-o sempre para viver o tempo.
Pois cabe-lhe satisfazer vossa necessidade, mas não preencher vosso vazio.
E na doçura da amizade, que haja risos e que se compartilhem prazeres.
Pois no orvalho de pequenas coisas, o coração encontra sua manhã e se refaz.

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